domingo, 7 de dezembro de 2014

A lateralidade cruzada e os goleiros


A definição de lateralidade é a predominância de mão, visual e pedal. Tanto o fator genético (hereditariedade), como o ambiental (experiências motoras), desenvolvidos ao longo da vida e que se manifestam inicialmente na infância, influenciam na preferência de uma pessoa. Por exemplo, se a pessoa escreve e chuta com o pé direito, dizemos que esta pessoa é destra-homogênea, se ela escreve com a mão esquerda e chuta com o pé esquerdo, chamamos ela de canhota-homogênea e caso possua a dominância espontânea nos dois lados do corpo, executa os mesmos movimentos em ambos os lados(os de escrita e /ou chute) são chamadas de ambidestras. 

Sabe-se que a metade esquerda do corpo é controlada pelo hemisfério direito do cérebro, ao passo que a outra metade é controlada pelo hemisfério esquerdo. Quando há dominância do hemisfério esquerdo, temos o indivíduo destro; quando ocorre a dominância do hemisfério direito, temos o indivíduo canhoto. É legítimo, porém, admitir que haja colaboração dos dois hemisférios na elaboração da inteligência. O indivíduo canhoto é o inverso do destro, que isso implica uma organização cerebral diferente. 

Porém, podem ocorrer, alguns casos em que a pessoa contrarie essa tendência natural e passe a utilizar a mão ou o pé não dominante em detrimento da dominante. Neste caso ela possui lateralidade cruzada, quando usa a mão direita e o pé esquerdo ou qualquer outra combinação. 

Um fator, extremamente interessante tem sido observado e nos leva a uma interessante questão: porque a Lateralidade Cruzada é o denominador comum de diversos goleiros de elite?

Vamos a alguns exemplos: Thibaut Courtois, Iker Casillas, Dida, Hugo Lloris, Jefferson, Roman Weidenfeller, entre outros. Ambos possuem uma característica em comum: destros de mão e canhotos com os pés, além disso, são goleiros de elite, tendo passagens pelas seleções de seus países.

A explicação para esse sucesso é simples e refere-se ao desenvolvimento dos hemisférios do cérebro. Um indivíduo ambilateral, sobretudo um atleta de alto nível, consegue desenvolver uma organização cerebral diferente de um indivíduo completamente destro ou completamente canhoto. A plasticidade neural que confere ao cérebro a habilidade para assumir funções específicas como resultado da experiência, ou seja, os neurônios podem modificar suas conexões conforme o uso de determinados circuitos neurais.

Em resumo, a lateralidade cruzada mostra a capacidade do atleta em integrar de modo eficaz os dois lados do corpo, sendo uma espécie de radar, que contribuí muito com a percepção, sensibilidade e orientação de um goleiro dentro de uma partida de futebol. Em termos de motricidade, temos uma competência por parte dos ambilaterais, que desenvolveram elevada orientação em campo.

Não que um goleiro ambilateral seja melhor que um destro ou canhoto, mas esse fator, sem dúvidas é um diferencial bem interessante, mas que não servirá de nada, caso o atleta não tenha empenho na prática da modalidade.

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