Caso Sandro Hiroshi foi o pivô da criação da Copa João Havelange
O caso do meia Fernando Baiano, do Inter, é mais um envolvendo a presença de "gatos" no futebol brasileiro. O jogador havia se apresentado ao clube com a certidão de nascimento do irmão, de 19 anos. Na verdade, ele se chama Fábio e tem 24 anos.
Foi o próprio atleta que admitiu o caso, de acordo com o gerente executivo do Inter, Jorge Macedo. O clube rescindiu seu contrato imediatamente ao saber da situação.
Apesar de inusitada, a história de Fernando Baiano está longe de ser inédita. Relembre outros casos de jogadores "gatos" que chamaram atenção no futebol brasileiro.
SANDRO HIROSHI
Quando: Brasileiro de 1999
Time: São Paulo
Resultado: clube foi punido com a perda de pontos
Talvez o caso mais famoso envolvendo adulteração de idade no futebol brasileiro, o Caso Sandro Hiroshi mexeu com a organização do campeonato nacional. Em 1999, após surgir para o futebol no Rio Branco-SP, ele foi contratado pelo São Paulo e defendeu o clube no Brasileirão daquele ano.
O problema é que Sandro fora registrado com uma certidão de nascimento adulterada: ele havia nascido em 19/11/1979, mas o documento mostrava a data de 1980. Ao descobrir o caso, o STJD puniu o jogador por 180 dias, e Botafogo e Inter entraram no Tribunal pedindo os pontos das partidas que haviam disputado contra o clube paulista. Os cariocas ganharam os três pontos da derrota por 6 a 1, enquanto o Inter ganhou dois, após um empate em 2 a 2.
O problema é que a pontuação dada ao Botafogo acabou rebaixando o Gama na competição daquele ano – que tinha como critério de descenço a média dos dois últimos campeonatos. O clube de Brasília entrou na Justiça comum contra a CBF e ganhou a causa, o que fez com que a confederação abrisse mão de organizar o campeonato em 2000. Coube ao Clube dos 13 tomar a frente do Brasileirão, criando a Copa João Havelange naquele ano, vencida pelo Vasco.
RODRIGO GRAL
Quando: 2000
Time: Grêmio
Resultado: multa
O atacante revelado pelo Grêmio teve um documento adulterando sua idade em dois anos. Nascido em 1977, ele chegou para jogar na base do Inter em 1990 e foi registrado como tendo nascido em 79. Depois, em 1994, passou a defender o Grêmio.
A situação só foi descoberta em 2000, quando vinha tendo boas atuações no time profissional do Tricolor e estava cotado para atuar na seleção brasileira que disputaria os Jogos Olímpicos de Sydney. O jogador revelou o caso à direção gremista e não foi punido, levando apenas uma multa financeira, e não pode participar da competição olímpica.
EMERSON SHEIK
Quando: 2006
Time: Al Sadd, do Catar
Resultado: condenação na Justiça
Um dos jogadores mais polêmicos do futebol brasileiro nos últimos anos, o atacante Emerson Sheik também entrou para as estatísticas dos "gatos". Ele adulterou sua certidão de nascimento em três anos quando estava na base do São Paulo.
Nascido em 6 de dezembro de 1978, Emerson teve novo documento com a data de 6 de setembro de 1981, para defender o clube paulista. Até mesmo o seu nome foi adulterado: na verdade, ele chama-se Marcio Passos de Albuquerque, mas seu nome na nova certidão constava como Marcio Emerson Passos.
Sheik logo deixou o São Paulo e atuou no futebol japonês entre 2000 e 2005. No ano seguinte, foi contratado pelo Al Sadd, do Catar. Quando embarcava do Rio para o país no Oriente Árabe, em janeiro de 2006, ele foi detido e preso pela Polícia Federal no aeroporto do Galeão, por falsidade ideológica – o passaporte havia sido registrado de acordo com a certidão de nascimento falsa.
O jogador chegou a ser condenado em primeira instância a três anos e nove meses de prisão. Depois, a pena foi reduzida a uma multa de R$ 70 mil e prestação de serviços comunitários.
CARLOS ALBERTO
Quando: 2006
Time: Figueirense
Resultado: suspensão por seis meses
O volante Carlos Alberto vivia grande fase no Figueirense, em 2006, quando foi descoberto que ele havia adulterado seus documentos em cinco anos enquanto ainda disputava torneios amadores no Rio de Janeiro. Ele tinha 28 anos, ao invés dos 23 que constavam na sua certidão de nascimento.
Carlos Alberto admitiu o caso ao ser acusado de falsificação de documentos e garantiu que o Figueirense não tinha nenhum conhecimento do caso. Com isso, ele foi suspenso por um ano pelo STJD – pena depois reduzida a seis meses e cem cestas básicas –, enquanto o clube não foi punido. Como "gato", o jogador foi campeão mundial sub-20 com a seleção brasileira em 2003.
ELKESON
Quando: 2003
Time: Vitória
Resultado: admitiu ter adulterado a documentação
O meia-atacante Elkeson, atualmente um dos principais jogadores do Guangzhou Evergrande, da China, é outro caso de "gato". Mas, ao contrário de outras histórias, ele teve a situação descoberta ainda nas categorias de base.
Nascido em 1989, o jogador foi para a base do Vitória, da Bahia, em 2003, quando tinha 14 anos – mas a certidão de nascimento dizia que ele havia nascido em 1991 e teria 12 anos. Segundo ele, um professor havia alterado os documentos para "ajudá-lo". O clube descobriu o caso e Elkeson admitiu a falsificação, e foi registrado normalmente na categoria correta da sua idade.
LEANDRO LIMA
Quando: 2008
Time: Porto, de Portugal
Resultado: suspensão por três meses
O meia Leandro Lima, revelado pelo São Caetano, adulterou sua idade em dois anos quando ainda procurava equipe para atuar profissionalmente. De acordo com ele, aos 19 anos, um empresário propôs a falsificação dos documentos para que ele fosse contratado pelo Real Salvador, da Bahia.
Nascido em 1985, ele foi registrado com uma certidão de 87 e, depois da base do clube baiano, foi contratado pelo São Caetano em 2005. Em 2007, foi contratado pelo Porto, de Portugal, que descobriu a adulteração no início de 2008. Ele admitiu à Liga Portuguesa que havia falsificado a documentação – mudando até mesmo seu nome, de George Leandro Abreu de Lima para Luis Leandro Abreu de Lima – e foi punido com três meses de suspensão.
ZH